A Última Casa da Rua Needless, de Catriona Ward [Resenha]
Talvez uma das experiências mais perturbadoras que tive como leitora.
Poucas coisas são mais satisfatórias do que ler um livro ou ver um filme em que você não consiga prever nada. É exatamente isso o que acontece com A Última Casa da Rua Needless.
O livro, escrito por Catriona Ward, foi publicado no Brasil pela editora Jangada, com os créditos de tradução para Thereza Christina Rocque da Motta. A sinopse lê:
“Esta é a história de Ted Bannerman, um homem com problemas de memória, que vive com a sua filha adolescente Lauren, e sua gata Olívia, em uma casa comum, no final de uma rua sem saída. Ted costuma beber sozinho em frente à TV e já foi interrogado pela polícia quando uma menina desapareceu por ali, há onze anos. Quando Didi, a irmã da menina desaparecida resolve se mudar para a casa ao lado, o que está enterrado há bastante tempo pode voltar para assombrá-los. Um thriller de suspense aterrorizante que envolve um assassinato, uma criança sequestrada... e uma terrível vingança.”
Eu confesso que não tenho experiência escrevendo sobre livros. Me peça para falar de um filme e posso fazer isso por horas, de maneira muito profissional. Sobre livros, ainda estou aprendendo. Então, peço desculpas pela falta de malemolência. As coisas vão melhorar.
Minha curiosidade sobre esse livro veio a partir do TikTok. As recomendações viam de todos os lados. Isso era antes do livro chegar ao Brasil. Depois disso, a curiosidade aumentou. Agora meus amigos apaixonados por suspense e terror estavam completamente surtados, sem acreditar do que haviam lido. E não queriam contar nada, então eu precisava ler por mim mesma.
E, deixe-me contar, foi uma experiência muito única. Faz algum tempo que não consigo ler com o mesmo afinco de antes, é preciso uma história muito empolgante para me fazer conseguir pegar no tranco. Com Rua Needless, eu não conseguia parar. Devorei suas trezentas e poucas páginas em três dias, algo que não acontecia desde minha adolescência. Só por esse motivo, o livro já vai guardar um lugar especial no meu coração.
Os motivos de não conseguir desgrudar das páginas? Eu acredito nunca ter lido uma história que brincasse tanto assim com as verdades que me eram ditas. Há diversos momentos de revelação, onde você acredita que agora sabe tudo, agora entendeu. E então, Ward tira seu chão e te faz se perder, contando outras verdades, ainda mais avassaladoras e perturbadas. É como tomar um choque a cada 15 minutos de leituras. E você precisa ler mais, porque precisa sentir aquilo de novo e também porque precisa saber o que realmente está acontecendo.
Puxa vida, como a autora consegue nos iludir. E como isso é gostoso. Eu nunca fui tão usada em uma leitura, tão jogada de um lado para o outro. Quero sentir isso outras vezes.
Não são apenas as reviravoltas, os twists. É também a maneira com que ela te revela as informações. Aos poucos. Sem parece lento demais, mas também sem te dar tudo de bandeja. Você precisa ir mergulhando aos poucos para que os choques funcionem. E como funcionam!
Se eu contar mais coisas, posso atrapalhar a experiência. Não sou dessas que acha que um spoiler ou outra vá estragar tudo, mas quero que você tenha a mesma experiência que tive descobrindo cada nova página. Talvez um dia eu volte para falar mais, principalmente acerca do tema principal do livro, que é revelado apenas no final de tudo. Acho que vale a pena.
Por agora, espero que tenha uma boa leitura e se divirta com A Última Casa da Rua Needless. Volte para contar o que achou.